De presos a turistas: um passeio histórico em Ushuaia | 027
Durante nossos dias em Ushuaia, descobrimos que a história da cidade começou com um presídio.
notas da autora
Chegamos à última edição dedicada a Ushuaia, mas se essa é sua primeira news por aqui, vale a pena voltar algumas edições e acompanhar o trajeto até aqui. Já passamos por Buenos Aires, Bahía Blanca, Puerto Madryn, Comodoro Rivadavia, Río Gallegos e muito mais…
Hoje a ideia é fazer um passeio diferente: mergulhar na história por trás da cidade mais austral do mundo. Porque essa newsletter também é cultura, viu? 💅
Mesmo sendo a pessoa que planeja a viagem de cabo a rabo, dificilmente pesquiso sobre a história da cidade. Mas, ao visitar os principais pontos turísticos, sempre acabamos aprendendo algo sobre a história local.
Durante nossos dias em Ushuaia, descobrimos que a história da cidade começou com um presídio.
No século 20, construíram uma prisão de segurança máxima para os condenados ficarem o mais longe de tudo e de todos. Pela lógica da época, não teria lugar “melhor” do que o próprio “fim do mundo”.
O que acontece é que esses presos foram os responsáveis por parte da construção da cidade: abriram estradas, levantaram casas, instalaram linhas férreas.
Na edição passada comentei sobre não ter conseguido visitar o Parque Nacional da Tierra del Fuego, que conta com o famoso trem do fim do mundo. Esse trem, antigamente, era utilizado pelos próprios presos para transportar madeira entre a floresta e o presídio.
Hoje em dia, o presídio virou um museu, mas não curtimos muito esses rolês “sombrios”, então só vimos os arredores e foi isso.

Caminhando pela orla de Ushuaia, encontramos um navio encalhado, que também se tornou um símbolo de resistência para a cidade.
O Saint Christopher foi um navio rebocador que participou da segunda guerra, comprado pela Argentina e usado em diversas missões no sul do país, até que por volta de 1954 ele acabou encalhando enquanto tentava resgatar um navio naufragado.
Uma lembrança viva do quanto o fim do mundo também guarda histórias que ninguém imaginaria encontrar.
Pertinho dali, ainda caminhando pela orla, chegamos à Plaza Islas Malvinas, outro ponto simbólico da cidade. Essa praça homenageia os soldados argentinos que lutaram na Guerra das Malvinas em 1982, entre Argentina e Reino Unido pela posse das Ilhas Malvinas – que os britânicos chamam de Falklands.
Até hoje, as Malvinas são motivo de uma disputa que não se resolveu totalmente.
Para os argentinos, as ilhas são claramente deles – inclusive, é comum ver placas nas casas, ônibus e ruas da Argentina reforçando isso. Já os britânicos seguem reivindicando a posse, mantendo o controle administrativo das ilhas até hoje.
É uma questão delicada e complexa, que continua fazendo parte da vida e das conversas na Argentina, especialmente nessa região mais ao sul do país.
Nos nossos dias em Ushuaia vimos amanhecer por volta das 9h30 da manhã e escurecer por volta das 16h, fizemos o boneco de neve creepy e caminhar até o mercado virou quase prova de resistência do BBB porque o medo de escorregar estava por todos os lados.
Como se já não bastassem os perrengues para chegar lá, ainda tivemos outros sustos na hora de sair com o carro, adivinhem? O frio fez com que o fluído de freio congelasse e travasse a roda traseira, mas se hoje estou aqui contando isso pra vocês, é porque deu tudo certo né kkkk.
Na nossa última noite, fomos guardar as coisas no carro e vimos a neve cair pela primeira vez. Foi um misto de encanto com preocupação, mas foi muito especial. ❤️
Ushuaia foi o ponto mais ao sul e também o ápice da nossa viagem de carro pela Argentina, mas ainda não é o fim dela. Agora vocês acompanharão as viagens pela ruta 40, rumo a Bariloche. Muito em breve, as histórias de 2018 logo se conectarão com as de 2024.
Na próxima edição, chegaremos a El Calafate, a casa do glaciar Perito Moreno. Nos vemos lá? 💌
Se você gosta desse tipo de conteúdo, aqui estão algumas formas de apoiar o projeto:
📝 Assine a news para ter acesso aos conteúdos exclusivos.
💌 Veja o tour pelo meu junk journal e outros assuntos relacionados.
☕ Pague um café e me ajude a continuar criando conteúdos como esse!