✍️ nota da autora: esse texto é baseado em anotações da minha viagem de carro pela Argentina em 2018. faz parte de uma série cronológica sobre essa jornada. se quiser acompanhar a história completa, recomendo ler as edições anteriores antes de continuar.
📍 Buenos Aires
📍 Bahía Blanca
De Bahía Blanca até Puerto Madryn são cerca de 7 a 8 horas de estrada, percorrendo retas tão longas e ininterruptas que, em alguns momentos, parece que o horizonte se dissolve entre o asfalto e o céu. Há algo hipnótico nessa paisagem, um vazio imenso e silencioso que nos acompanhou durante todo o caminho.
Nosso plano era nos hospedarmos na casa de uma argentina – vamos chamá-la aqui de Silvia.
Tudo já estava combinado: trocamos mensagens antes da viagem, acertamos o horário de chegada e partimos tranquilos. Mas, quando chegamos a Puerto Madryn e estacionamos em frente à casa dela, começamos a notar que algo não estava certo. Tudo fechado, nem sinal da nossa anfitriã. Mandamos mensagens, ligamos algumas vezes, esperamos um pouco... Silêncio absoluto.
O sol já começava a se pôr e como estávamos cansados da estrada, decidimos procurar outro lugar para ficar – e solicitar o reembolso dos dias na casa de Silvia.
Demos algumas voltas pela cidade até encontrarmos o Hotel Mora, um hotel simples, mas com uma vibe bem anos 70: teto baixo, corredores com carpete cinza e quartos modestos, porém aconchegantes. Foi ali que nos acomodamos.
Depois de finalmente estabelecidos, saímos para procurar um lugar para comer. Perto da orla, encontramos um dos poucos bares e restaurantes que estavam abertos no fim da tarde.
O garçom que nos atendeu logo puxou conversa e nos contou que Puerto Madryn era um dos melhores lugares da Argentina para avistar baleias, principalmente entre junho e dezembro. Disse que, muitas vezes, era possível avistá-las da própria cidade, mas que o melhor horário era pela manhã – dependendo da sorte do dia.
O que descobri depois é que Puerto Madryn é conhecida como a porta de entrada para a Península Valdés, um dos lugares mais especiais do mundo para a observação de vida marinha. Além das baleias, a região também recebe colônias gigantescas de pinguins.
Nos nossos dias por lá, não avistamos nem baleias, nem pinguins, mas tudo bem. Não dá pra ter tudo, né?
Além da surpresa com a história das baleias e do encanto imediato pela cidade, Puerto Madryn também ficou marcada por outro detalhe: a cuca de doce de leite do café da manhã do hotel kkkkkkkk é sério!
O café era simples, mas preparado com muito capricho. Entre medialunas e frutas, tinha uma cuca de doce de leite tão tão tãããão boa que até hoje penso nela de vez em quando kkkkk guilty! 🤷♀️
Ah, outra curiosidade: foi em Puerto Madryn que compramos alguns itens que faltavam no kit de segurança obrigatório para carros na Argentina. Diferentemente do Brasil, lá há exigências bem específicas para os motoristas, como levar um kit de primeiros socorros, dois triângulos de sinalização, um cambão – que só depois descobri que é um cabo de reboque – e um colete refletivo. Para nós, faltava o cambão e o kit de primeiros socorros, então aproveitamos para completar o kit na cidade.
Mesmo com o imprevisto na casa da Silvia, Puerto Madryn se tornou uma das cidades que mais gostamos no trajeto até Ushuaia. A entrada da cidade é a verdadeira representação do deserto patagônico, mas, ao caminhar por suas ruas, você sente uma vibe litorânea e, ao mesmo tempo, o espírito acolhedor do interior.
Uma mistura difícil de descrever, mas fácil de sentir quando se está lá. Espero poder voltar em outra temporada de baleias e pinguins, vai que dessa vez dá certo, né? 🩵
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Now reading 📖
As irmãs Blue – encontre na amazon
Confesso que depois de terminar minha última leitura, não sabia ao certo o que queria ler. Comecei “As irmãs Blue” porque estava na minha lista “to be read” – e dizem que é bom para quem tem mommy issues – mas como ainda estou nas primeiras páginas, não sei se era o que eu procurava. Alguém aí já leu? Me contem se vale continuar!
Now watching 🎬
Shrinking – disponível nos canais do prime video
Não é exatamente um “now watching” porque acabei todos os episódios da segunda temporada, mas essa série vale todas as recomendações do mundo. Eu amo como ela mostra o outro lado dos terapeutas, sabe? Que eles também têm as próprias lutas, os próprios medos e que, muitas vezes, ao ajudar um paciente, eles ajudam a si mesmos. Mais do que isso, a série também explora bem as relações entre amigos, entre pais e filhos, tudo isso com uma leveza, um roteiro ótimo e atores incríveis!
Now listening 🎧
PAPOTA – CA7RIEL & Paco Amoroso – ouça agora no spotify
Não que precisasse, mas fui conferir no Spotify qual tinha sido a minha música mais ouvida de março, e lá estava: Impostor – CA7RIEL y Paco Amoroso.
Já recomendei os divos em outra edição, e agora eles voltaram não só com um novo álbum, mas também com um short film genial. A maneira como eles criticam a indústria musical estando nela é diferente, sabe? As coisas que a galera faz só pra ter um “latin chaddy”, como as letras parecem cada vez mais feitas por “chadgpt”, a ânsia de colocar o sonho acima de tudo e todos e a amizade.
Sem falar na musicalidade deles! Prestem atenção em todos os instrumentos que fazem parte das músicas do short film, é tão incrível quanto o Tiny Desk famosíssimo deles.