Certificado de visita à cidade mais austral do mundo | 026
Essa iniciativa da Secretaria de Turismo de Ushuaia permite que a experiência fique registrada de uma maneira especial.
notas da autora
hiii… it’s been a while! sim, perdão, eu sumi por um tempinho, mas não quero que essa newsletter seja uma obrigação. é para ser prazeroso, natural e leve. saibam que quando estou aqui, é porque realmente quero estar aqui. sem pressão, sem cobranças. obrigada por entenderem e vamos ao que interessa! 💌
Se chegar ao Ushuaia já foi emocionante, viver os dias seguintes foi ainda mais. Tirando os passeios até o supermercado, o primeiro rolê oficial que fizemos foi ir até o centro de informações turísticas, bem ali na beira da baía, pra pegar o tão falado “certificado de chegada ao fim de mundo”.
Como sou o tipo de pessoa que planeja a viagem de cabo a rabo, já sabia da existência dele, mas meu marido não fazia ideia. Foi uma surpresa muuuito especial!
Quando entregaram o certificado com o nosso nome, olhamos um pro outro com aquele sorriso bobo e sentimos o coração quentinho. A gente sonhou e realizou junto. Enfrentamos os desafios do caminho para chegar até aqui, e chegamos.
Esse papel é muito mais do que um certificado de visita da cidade mais austral do mundo. Pra gente, é a prova viva de que sonhos podem, sim, se tornar realidade.
Isso não quer dizer que tudo saiu como o planejado. Muito pelo contrário e vocês já viram isso aqui nos postais anteriores. Mas essa viagem me fez entender que as coisas acontecem como elas precisam acontecer – e olha que eu não sou nada a pessoa do “deixa acontecer naturalmente”, mas é assim que a vida é.
Depois disso, saímos para caminhar pela cidade. E também não foi uma tarefa simples.
Como comentei na edição anterior, os últimos dias foram de uma nevasca pesada, então as ruas e as calçadas ainda estavam com gelo e neve – aquela neve fofinha que recém caiu. Então a gente ia meio que escorregando, meio que se equilibrando, meio que morrendo de medo de cair. Mas tentando rir e aproveitar o dia.
Nunca vi tanta neve junta. Tinha neve no meio da rua, neve nas calçadas, neve nos telhados, neve acumulada nas esquinas, neve cobrindo os carros estacionados há dias, se não semanas.
Outra coisa que queríamos fazer era visitar o Parque Nacional Tierra del Fuego para ver a clássica placa do Fim do Mundo, mas não rolou.
Como a nevasca havia acabado de passar, as estradas estavam fechadas. A recomendação era evitar porque muitos trechos estavam perigosos, e como vocês já leram por aqui, vivemos altas aventuras para chegar até Ushuaia, não colocaríamos nossa segurança em perigo apenas para dar “check” em um ponto turístico.
Além disso, é gostosa essa sensação de que sempre teremos lugares para conhecer em uma próxima oportunidade. Torço para voltar! 🤞
E, maaaais uma vez, a viagem nos ensinando que não dá pra controlar tudo. Nem o clima, nem o tempo, nem as estradas e muito menos a vida.
O que deu pra fazer foi aproveitar a cidade, caminhar, experimentar coisas novas, olhar ao redor e deixar tudo aquilo nos atravessar. E nos atravessou.
Até hoje, em 2025, enquanto reescrevo esses postais, se fechar os olhos e me concentrar, consigo me “transportar” para a frente do Airbnb.
Lembro da vista de cima da cidade, de ver o branco da neve se misturando com o cinza das ruas, e isso se misturando com os tons de amarelo, azul e vermelho das casas. Do frio que fazia, da fumaça saindo da boca, das bochechas ficando vermelhas, da sensação de dedos congelados.
Lembro também de sentir a presença imponente da montanha que cerca a cidade, do sol brilhando no topo dela e iluminando a cidade toda. Parecia uma pintura.
Espero nunca esquecer desse momento. O que me conforta é saber que pelo menos agora, ele tá registrado aqui nesse postal. 💌
esse texto é baseado em anotações da minha viagem de carro pela Argentina em 2018. faz parte de uma série cronológica sobre essa jornada. se quiser acompanhar a história completa, recomendo ler as edições anteriores:
📍 Buenos Aires >📍 Bahía Blanca >📍 Puerto Madryn >📍 Río Gallegos > 📍 Ushuaia